Comentários sobre a pontuação, bandas e o evento por Marcio Salomão

Saudações a todos!

Quero começar me apresentando: Meu nome é Marcio Salomão, sou multi instrumentista e fui um dos jurados (com muito prazer) do Cisco City Rock Fest II à convite da organização. Já fiz e sigo fazendo trabalhos musicais nos mais diversos estilos (rock, samba, choro, axé, mpb, forró, reggae, blues, etc) tocando os mais diversos instrumentos (bandolim, cavaquinho, violão, viola caipira – sim, isso existe e eu sei tocar! - guitarra, baixo, etc.) tanto em estúdio quanto ao vivo nos mais diversos lugares e com os mais diversos artistas por aí...

Gostaria primeiramente de agradecer pelo convite de participar do evento (ainda mais numa posição de tamanha responsabilidade) e parabenizar a todos os envolvidos: da organização que leva a ideia e a realização na raça e faz com que alguma coisa aconteça na cena regional aos que estavam 'on stage' fazendo um som e mostrando seu trabalho. Foi tudo muito organizado e eu espero ver muito mais do Cisco City Rock Fest – um evento que tem tudo e mais um pouco pra se tornar referência inclusive pra outros segmentos.

Vou comentar um pouco sobre cada banda, minhas pontuações e compartilhar um pouco do que vi sobre cada uma. Espero que todos considerem as críticas (mesmo as que pareçam mais duras à primeira vista) como algo construtivo e quem sabe algo a considerar no caminho que a banda tem (ou mesmo seus integrantes) à seguir pela frente... Vou seguir a ordem das apresentações.

TIA BETH:

A banda fez um som muito legal e (na minha opinião) ganharia segundo lugar no evento. Sofreu a pressão de ser a primeira banda a tocar no evento, o que não é muito fácil num festival... Não havia muitas referências para seguir, eles seriam a primeira referência de som do Rock Fest. No começo a coisa estava 'complicada' (a guitarra solo não aparecia e o baixista ainda não tinha encontrado a banda, soando outside) mas no fim da segunda música já tinham se 'ajustado'. A banda se prejudicou um pouco no 'aclamação popular' porque o público presente naquele momento não era bem pro seu estilo de som, mas eu achei uma banda que com um pouco mais de atenção pode soar grande e poderosa como as letras autorais que apresentaram – que eu achei muito fortes e legais. Vocalista bacana, presença de palco bacana... vocês se acertam, falta pouco!

HOMENS E ASTRONAUTAS:

O primeiro lugar do evento surpreendeu. A banda tem um estilo e pegada muito bons, letras muito boas, uma imagem no palco condizente com o estilo sonoro... A banda surpreendeu em muitos sentidos. O modo como tratam suas músicas é bem artístico e profissional. Os timbres de voz e principalmente os de guitarra, com solos melodiosos e na medida do que a música pedia chamaram a atenção. Gostaria de chamar a atenção apenas para a presença de palco, que faltou um pouco... Todos estavam se divertindo no palco, mas precisavam passar isso adiante pro público se divertir ainda mais. Não precisa falar muito né? Que possam passar pro pessoal em Santos a mesma vibração que nos passaram no festival.

STIG:

Na hora em que a STIG subiu no palco o evento estava lotado de gente (e era um público que, além de conhecer a banda, identifica-se com o estilo). Daí por diante seria impossível achar uma banda com pequena aclamação popular, e a STIG não seria diferente. A banda agitou muito o público, fez covers 'audaciosos' mas soou muito ruidosa e isso complicou (na minha opinião) a apresentação. A vocalista tinha presença de palco inegável, mas a banda estava muito no visual e pouco no som... tanto que na primeira música mal deu pra entender o que tava acontecendo no palco (e o primeiro quesito era literalmente a primeira música, onde rolou o primeiro zero do dia). Em alguns momentos parecia que cada um estava tocando uma música diferente, e ficou uma imagem de falta de interação da banda. Talvez a galera no palco tenha se empolgado com o gritedo do público... coisa que não pode rolar. A presença feminina na banda é um diferencial a ser explorado.

REC (não é [•REK] ?):

A banda aproveitou bem a vibração do público que já tinha levantado com a STIG, somou ao seu fã clube presente e começou a apresentação 'do alto'... mas também se empolgou demais com os gritos e esqueceu um pouco da parte de cima do palco. A banda apresentou bons recursos (houve sampler em algumas músicas, não?) e uma imagem condizente ao estilo, mas soava confusa em alguns momentos (na hora do sampler por exemplo estavam um pouco fora de sincronia e fizeram a música soar 'torta'). O vocalista precisa se esforçar um pouco mais, talvez por nervosismo ou empolgação ele ficou devendo voz/atitude em alguns momentos e acabou atropelando algumas letras. Aproveitem a onda e invistam mais na banda! As ideias autorais podem dar um ótimo resultado se forem trabalhadas com mais atenção.

TENSANDO:

Bem... foi outra surpresa pra mim (como Homens e Astronautas)... mas não tão positiva. A banda estava como uma das 'mais famosas e conhecidas' a participar do evento e tinha várias pessoas espalhadas pelo evento com camisetas (de vários modelos) da banda, a Soben inteira contando com a vitória quase certa da Tensando, o público quente de duas apresentações 'altas' anteriores... mas no palco a banda não 'apareceu' e o público deu uma esfriada mesmo no horário nobre do evento. Instrumentos desafinados, bateria outside (tocando algumas vezes fora do tempo, 'amarrando' o andamento da música), e um épico 'beatbox' – muito confuso! - prejudicaram MUITO a apresentação da banda. A banda não parecia íntima, entrosada... tava difícil entender o que estava acontecendo no palco. A dica geral (geral mesmo, pra qualquer banda) é: criem um bom clima no palco que ele se espalha pelo público e o ambiente, pois o caminho contrário muitas vezes engana... A banda que parecia ser o grande trunfo do estilo na noite não (me) convenceu. A banda com gravações autorais e 'estrutura' tem um responsabilidade maior e precisa dar conta dela.

FIVE UP:

A banda tinha uma imagem condizente com o estilo e um esquema de apresentação definido, o que é muito positivo. Havia um certo roteiro do que acontecia, quando e o porquê (inclusive covers no repertório numa ordem a agradar o público e esquentar as coisas um pouco). Isso foi muito bom, mas... o guitarrista tocou 80% do tempo com a guitarra desafinada (e a filmagem vai mostrar o baterista tentando afinar ela durante a apresentação várias vezes, até a hora em que ele se levanta e a afina para as últimas 2 músicas), a banda soou outside como um todo por mais da metade da apresentação... e eu acho que foi novamente pelo nervosismo/empolgação que a música ficou em segundo plano e a imagem em primeiro (quando eu creio que devam caminhar juntos). O vocalista mandou bem dentro do estilo e o baterista tinha uma boa pegada, mas a banda no todo ainda não soava como um conjunto quase homogêneo (perfeição não existe). Mais uma banda que precisa trabalhar melhor a parte autoral... ouvir mais, se inspirar mais, e procurar a originalidade. Influência não é réplica!

SHIFT CORE:

Essa banda teve uma coisa curiosa: os que não conheciam me perguntavam 'Shiftcore, é uma banda de metal, trash...?' e eu como não conhecia simplesmente não sabia o que responder além de 'vamos esperar'. E foi bacana o 'passeio' que fizeram entre as músicas e estilos. Hora um pouco mais leve, hora um pouco mais pesado... ficou um pouco em cima do muro, mas a performance na média superou as bandas anteriores (seria meu terceiro lugar na classificação geral). Fechou bem o festival. Alguns ensaios e um roteiro de apresentação melhor (com mais dinâmica) teriam levado facilmente a banda para um segundo lugar... atenção e dedicação, galera.

Trincazoids e NOISE:

Completamente malas, esses caras foram as piores apresentações de toda a história do rock universal da galáxia. Goebbels e Darwin rolaram no túmulo com os covers que eles fizeram de... ei, não é pra dar nota pra esses caras né? Foi mal...

Gente, espero que considerem estas opiniões (pessoais) de um modo construtivo e possam melhorar cada vez mais em busca do que pretendem com música e suas respectivas bandas. Algumas coisas podem parecer duras à primeira vista, mas não tem má intenção – a ideia é mostrar uma opinião externa (e argumentada) do trabalho de cada um que foi apresentado para ajudar no crescimento de todos. Vocês podem me matar ou xingar todos os meus antepassados através do meu perfil do Orkut ( http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=1541142609392153511 ), do Twitter ( http://twitter.com/marciosalomao ) ou mesmo falar comigo através de meu e-mail pessoal/GTalk ( msalomao@gmail.com ). Novamente quero agradecer a todos pela oportunidade e parabenizar por toda esta iniciativa única e que prova que fazendo as coisas acontecem de fato.

Valeu!

MSalomao